sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Ouvindo sabores e escutando cheiros



O peso da fumaça faz com que arque meu corpo, não por respeito e muito menos por humildade, também não me orgulho disso, mas continuo arcado.
O gosto do calor que me traz em poucos segundos a sensação antônima do efeito para-simpático, como que num susto esfria minha alma em tons de um cinza sério e sereno e no expirar esse falso sufoco, alivio me.
Descansando em seu leito, hipnotizo me com a dança do véu que sai de sua ponta, junto com o vento que leva e traz seu bailado e seu perfume, que logo se mistura com o aroma dos grãos torrados e fervidos em agua limpa na minha xícara. O veneno e o antídoto.
Cheiro de cor braseira que nos seus picos esmaga e arranha tudo o que se encontra dentro por dentro e por fora da cabeça.
Um após o outro, ansiosamente. Ergo me então e já não mais arcado, respiro.
Já não mais são grãos torrados, já não é mais xícara, o liquido que trazia o sabor de um amanhecer familiar e doriano agora tem notas de Blues e gritos de gaita.
Gole a gole a música vai se afinando, os acorde em mais harmonia.
Confusões térmicas chegam ao auge quando o Sax gritava sua dor, as pernas não tão mais firmes como a marcação do tempo e o caminhar nem tão mais linear quanto a corda bordão do Baixo que quer falar alto.
Tão pouco erguido, mas ainda respirando, faço a fumaça pesar novamente.

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